sexta-feira, 27 de julho de 2012

Parir? Por que??

Encontrei este texto lindo no Blog de uma das mamiferas que participam do Parto Nosso. Coisa linda de se ler, sonho lindo de se ter!

Parir? por que??
Um texto da impagável Ana Cris Duarte sobre os motivos que levam uma mulher a querer experimentar o parto natural.

“Porque esse é o meu último filho, e eu preciso experimentar o que o meu
corpo pode. Quero sentir meu filho passando através da minha bacia, abrindo
meus ossos, fazendo eles quase quebrarem pela força do meu filho dentro de
mim. Quero sentir meu filho descendo e encaixando sua cabeça nas minhas
entranhas, milímetro a milímetro, como se estivéssemos dançando um tango
emocionante, onde cada passo fosse totalmente calculado para o resultado
perfeito. Quero sentir minhas mucosas cedendo espaço e esquentando a cada
contração, quero sentir meu filho passando pelo mesmo lugar por onde ele
entrou. Quero me sentir mais perto de Deus, ao ser capaz de produzir uma
vida e colocá-la de forma segura neste mundo. Quero sentir meu útero se
contraindo com força, porque eu sou mulher e eu me sinto muito orgulhosa de
poder gerar, gestar, parir e alimentar uma criança e se eu não vim no mundo
para isso, eu não sei exatamente então o que eu vim fazer aqui. Quero sentir
cada contração como se fosse o sopro de Deus direto para dentro do meu
corpo, fazendo cada célula do meu corpo tremer com a energia desse evento.
Quero que meu filho sinta cada uma dessas contrações como se fosse um abraço
forte que eu dou a ele, e como se Deus pessoalmente o estivesse embalando.
Quero que ele perceba que algo importante e grandioso está para acontecer na
vidinha dele. Quero que ele confie em mim para o resto da vida, como sendo
aquela pessoa que lhe deu a vida e o colocou em segurança para fora do
finito espaço uterino. Quero que ele confie nele mesmo para sempre e saiba
que com esforço e perseverança ele consegue o que quiser. Quero que ele
saiba para sempre que eu e ele juntos, com o apoio do pai dele e a torcida
do irmão, podemos tudo, que não há limitação para a nossa força! Quero
provar a mim mesma que sou uma pessoa capaz, que meu corpo não é meu
inimigo, pelo contrário, que ele é meu amigo, meu companheiro, meu templo e
meu porto seguro. Quero recuperar tudo o que perdi e o que me roubaram
quando tive bebê pela primeira vez. Quero me sentir poderosa, forte,
vitoriosa, criativa, emotiva, grande, bonita, durante o parto e para sempre.
Quero que meu filho nasça e venha imediatamente para o meu colo, para os
meus braços, para os meus lábios, para as minhas mãos, para os meus peitos,
e para isso preciso ter um parto natural. Quero que meu filho nasça em paz,
sem dor, sem ser arrancado das minhas entranhas porque eu não me esforcei o
suficiente. Quero que, se as intervenções forem necessárias, elas só o sejam
porque eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitá-las. Quero que meu
filho nasça livre de drogas, e que assim permaneça por toda a vida, para que
ele possa sentir sempre a beleza da vida de cara limpa, de pele limpa, de
olhos limpos. Quero que ele se sinta calmo e seguro, por estar sempre nos
braços meus ou seus, ouvindo minha voz ou a sua, e não fique sozinho
chorando num berço aquecido, sem um único som familiar para se acalmar.
Quero sentir-me mais capaz quando tudo isso terminar.Quero sentir minhas entranhas se
abrirem e desabrocharem dando uma vida nova a essa criança. Quero sentir a
dor, a ardência, o tremor, o prazer e a glória de parir. Quero me sentir
mulher.”

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Para o Blog, Azul!

Eu nunca gostei de azul. Quem me conhece sabe que eu sou uma leonina de cores quentes, de vermelho, de laranjado, de amarelo ouro. Eu também não gosto de internet. Não a considero uma opção para o meu lazer. Eu nunca escrevi um Diário. Eu não sou de compartilhar meus anseios, pensamento e vontades. Então para que um Blog Azul? Não sei, só sei que meu coração está pedindo, que sinto a necessidade de colocar em palavras o que até hoje ficou guardado apenas dentro de mim, no pequeno universo que construí ao longo dos anos e que com a maternidade ganhou grandes proporções e a necessidade de criar forma, ter história, enredo, enfim.

Que eu vivo em mundo pouco convencional para a maioria das mulheres todo mundo sabe. Engenheira duas vezes, habilitação AD, faço 45km de estrada de chão dirigindo caminhonete traçada para poder ver a cor do asfalto, acordo e durmo aonde eu trabalho, levo meu chefe todos os dias para minha casa (que fica em uma fazenda próxima de absolutamente nada) e meu filho todos os dias para o trabalho, passo o dia todo de botina e capacete em uma obra onde 90% das pessoas são do sexo masculino, vou para a cidade somente uma vez por mês (por escolha própria) e sou mãe da coisa mais linda já criada por Deus. Daí já se abre um novo leque de particularidades: fazemos cama compartilhada, usamos fraldas de pano, leite só o materno, sem chupetas, andadores, mamadeiras, pomadas para assadura, comidas industrializadas e todo o resto que facilita a vida dos pais. Por pura escolha.


E como é viver assim? Como conviver com tantas particularidades quando o mundo lá fora está cada vez mais padronizado? Como fazer com que todos entendam e aceitem nossas escolhas (nossas por que este é um universo construído a seis mãos)? Daí a necessidade de se colocar para fora, de analisar o que está sendo feito, de buscar a certeza de que tudo está valendo a pena. Sim, há questionamentos. Claro que há.

Para esfriar a cabeça, para descarregar a alma e para tranquilizar o coração: um Blog Azul.